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Exposição em Vila Nova de Gaia, “Nadir Afonso: o Espaço e o Tempo”

21-11-2020 a 22-01-2021

20 ANOS DE ABSTRACIONISMO GEOMÉTRICO | A sensibilidade às formas (Espaço Corpus Christi)

«O homem volta-se para a geometria como as plantas se voltam para o sol: é a mesma necessidade de clareza e todas as culturas foram iluminadas pela geometria, cujas formas despertam no espírito um sentimento de exatidão e de evidência absoluta.» Nadir Afonso. «É uma ilusão a crença de poder expressar na tela os sentimentos, sem recorrer à
representação figurativa, como é uma ilusão crer que a expressão dos sentimentos íntimos gera a obra de Arte.» Nadir Afonso
Pela segunda vez o Convento Corpus Christi recebe Nadir Afonso. A primeira exposição era constituída por desenhos, muitos deles alusivos a Gaia, ao Porto e ao Douro. Foram realizados na época em que Nadir Afonso era aluno da Escola de Belas Artes. A Ponte Luís I e o Mosteiro da Serra do Pilar impunham-se como motivo principal.
Agora, no ano em que se celebra os 100 Anos de Nadir Afonso, são pinturas realizadas na diáspora, em Paris, que iremos encontrar nos 20 Anos de Abstracionismo Geométrico. Trata-se de uma viagem pelo percurso artístico de Nadir Afonso que nos dá uma perspetiva antológica do que foi a sua criação artística, desde os finais dos anos 40 até 1970, quando já tinha definido que o abstracionismo geométrico era a corrente artística com a qual mais se identificava e a sua linha orientadora tinha por base “a essência de arte é de origem geométrica”.
A exposição inicia-se com uma icónica Composição Geométrica de 1947, a que se segue um núcleo de obras onde se
incluem os períodos Pré-Geométricos, Barroco, Egípcio e Espacillimités, seguidos da alvorada das cidades que iriam marcar as
décadas seguintes. Algumas destas obras foram mostradas naquela que foi a sua primeira grande exposição que aconteceu em Paris na Maison des Beaux Arts em 1959, refiro-me aos Espacillimités e ao período Barroco.
Neste espaço de tempo, muitos foram os períodos que cruzaram o pré-geométrico, caraterizado pela predominância das formas geométricas, em que explora essas figuras elementares com um cromatismo categórico e com limites bem marcados. O período Barroco, inspirado no barroco português, onde Nadir utilizará as formas curvas, contracurvas e espiraladas, que preenchem as fachadas da cidade do Porto: dali extrairia esses elementos e os simplificaria e estilizaria de ponto de partida para as suas pinturas.
Procurou outros rumos, estudou novas soluções que convergiram para o período Egípcio, que se seguiu. As formas sinuosas envolvem-se num dos lados do quadro, para que as retas se prolonguem até ao limite da tela, acompanhadas de leves correntes de ondulação a que, por vezes, se sobrepõem elementos curvos isolados.

Fonte C.M. Vila Nova de Gaia